O governo anunciou o aumento para o dia seguinte e no mesmo dia os postos de combustíveis sobem imediatamente os preços para ganhar mais dinheiro.
Existem muitos mitos sobre essa questão e vamos revelá-los aqui neste artigo. O primeiro deles é o custo de estoque. O reposicionamento dos preços antes de receber produtos novos do fornecedor é uma ferramenta de proteção ao capital de giro da empresa. Não se pode comprar produtos novos com preços novos se você vendeu pelos preços antigos.
A conta é bem simples, se fizer isto você terá que injetar mais dinheiro novo no negócio para compensar as perdas. Qualquer estudante de administração ou contabilidade faz essa conta no primeiro ano. Comprar por 10 e vender por 20 dá uma margem bruta de 10. Se o fornecedor aumenta o produto para 15 e você continua vendendo por 20, sua margem bruta cai para 5.
Por isso que o contrário não pode ser feito da mesma forma. Não se trata de malvadeza ou de tentativa de ganhar mais. Mas sim de proteger o capital de giro e manter a empresa saudável financeiramente protegendo além dos investimentos do dono, os empregos e as famílias que de lá depende para seu sustento.
O segundo ponto e mais cruel de todos é que o dono do posto ganha horrores de dinheiro com o aumento dos combustíveis. Olha só esse dado, cerca de 60% a 80% dos clientes que entram nos postos de combustíveis não abastecem em litros, mas sim em real, como assim?
Essa parcela dos consumidores, que varia de posto para posto, chega na bomba e pede: coloca 10,00 reais, 20,00 reais, 50,00 reais ou 100,00 reais. Isso significa que quando o preço do combustível aumenta, o posto vende menos, muitas vezes ganhando menos ou a mesma coisa que antes, só que no total o posto arrecada menos e seus custos aumentam.
Assim o posto perde vendas, compromete contratos de compra com seus fornecedores, perde dinheiro e clientes. Geralmente é nesse momento que os consumidores passam a buscar outros postos para abastecer. Esse caos de vendas nos postos chega a durar mais de um mês, comprometendo resultados importantes. Varejista não gosta de vender caro, quem vende assim são produtos de luxo.
Falando de “ganho de estoque” podemos afirmar sobre a média de tancagem dos postos no Brasil (quantidade de tanques e capacidade de armazenagem dos postos) “Em maio de 2020, a capacidade de armazenamento de combustíveis em todos os postos de combustíveis do Brasil era de 73.792 litros por posto.” Fonte: ANP (https://www.gov.br/anp/pt-br/centrais-de-conteudo/dados-abertos/tancagem-do-abastecimento-nacional-de-combustiveis).
Considerando esse número, podemos afirmar que se o dono do posto estiver com os tanques cheios antes do aumento da gasolina, que foi de 0,10 centavos, considerando toda tancagem de gasolina, ele aumentar o preço de venda antes de receber novo carregamento, significa que ele vai ganhar: R$ 7.379,20 reais. Agora te pergunto: Será que o posto está realmente tendo ganhos abusivos?
Vamos aos distribuidores, os fornecedores dos postos de combustíveis, são em torno de 139 bases no Brasil inteiro, com capacidade de armazenagem de 14 bilhões de litros, segundo dados da ANP. Utilizando a mesma conta no exemplo dos postos trata-se de 1,4 bilhão de reais, dividido por pouco mais de 270 distribuidoras, pouco mais de 5 milhões e 180 mil reais por empresa, supondo volumes iguais e mesmo aumento do exemplo dos postos.
Levando em consideração que se tem 3 empresas que detém quase 70% do volume do mercado, estamos falando de alguns milhões no bolso de poucas distribuidoras enquanto os postos ficam levando a culpa dos aumentos. Veja a importância de se ter essas informações para poder saber a quem questionar.
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