Muito se tem falado da dificuldade das novas gerações em se adaptar ao mundo corporativo, a competitividade imensa do mercado de trabalho e a falta de resiliência que marcou as gerações Baby Boomers e Y. Porém pouco se fala em como isso vai modificar as relações de consumo num futuro próximo.
A questão em si é que isso tudo impacta diretamente no consumo, quando essas novas gerações, que estão trocando a visão de sucesso e definindo novos rumos para sua vida adulta, começarem a comandar o mercado de consumo, saberemos o impacto dessas mudanças no resultado das empresas. Eles estão estudando mais, demorando a definir carreiras, entrando mais tarde no mercado de trabalho, saindo da casa dos pais mais tarde e, finalmente, casando mais tarde ou as vezes nem se casando.
A trilogia vendida no passado como prova de sucesso era: Casa + Família + Emprego. Pela movimentação dos mais jovens e as mudanças de comportamento, vemos que esse padrão de sucesso está com os dias contados. Dessa formula saíram as gerações mais consumidoras que já passaram pelo mundo. Grande parte do capitalismo existente e consolidado cresceu à luz dessa geração. Agora se vê um movimento de cultura woke, dos milennials e em diante, com isso essa fórmula está em xeque e o consumo mundial deve sofrer um revés de enormes proporções.
O desafio maior do varejo é conhecer mais o seu consumidor, entender como as novas gerações se comportam pode ajudar muito nessa tarefa. Não dá mais para viver no escuro e 58 atirando apenas no tradicional. Use seu sistema para se conectar com seus clientes e aprenda mais sobre eles.
Sempre que se discutia o fim da pandemia se falava do “novo normal”. Paramos de falar disso e achamos que, com o fim do isolamento, tudo voltaria ao que era antes. Ledo engano! Muitos setores estão com contas altas para pagar e nada de “novo normal”. O varejo deve ser encarado como a ponta mais competitiva de qualquer mercado. Por isso será sempre a que mais irá sentir qualquer crise. As mudanças de comportamento de compra estão em ebulição e nada se vê nas matérias da imprensa sobre isso.
Veja a importância de se debater esse assunto. As novas gerações, os mais jovens, têm trocado a filosofia do “ter pelo ser”. Onde é melhor usar que comprar, diminuir os impactos, reciclar, reutilizar, e a preocupação com a renovação e o meio ambiente começa a surtir efeito nas novas gerações que estão entrando na linha de consumo.
Um dado preocupante para montadoras, postos de gasolina e mercados que dependem disso: os mais jovens estão demorando a tirar sua carteira de motorista, quando se tem menos motoristas, automaticamente se pensa em menos carros. Estes jovens estão adiando casamento, sendo que uma boa parte deles nem pensa em família.
Imagine a sequência: quanto menos famílias, menos escolas, menos roupas, menos lazer e etc. resultado simples: menos consumo. A família é parte fundamental no processo de consumo das pessoas porque dentro de uma unidade familiar, a quantidade de necessidades se multiplica mais que a quantidade de membros. Necessitando produtos e serviços em longa escala. Estamos falando de coisas simples que permeiam todo um ecossistema, não só varejistas, mas de serviços que dependem dessa demanda.
Trecho do livro – Vivendo o Varejo Americano: Uma viagem no coração do consumo Ed. Offset. 2024
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